O município de Trairi é rico em vultos e personalidades históricas, na política e nas
artes.
Por volta do século XIX viveram em Trairi dois irmãos que alcançaram grandezas extraordinárias e que até hoje inspiram as novas gerações de trairienses, como nós. O primeiro, o mais velho deles, é Antônio Martins, um dos maiores combatentes na luta pela abolição da escravidão no Ceará; pioneiro no Brasil da luta antiescravista. O segundo é Álvaro Martins, poeta de grandeza maior, que conquistou o Ceará inteiro, o Nordeste brasileiro, tendo alcançado fama até na Europa, elogiado que foi pelo romancista português Eça de Queiroz. Tudo isso devido a sua inigualável qualidade poética. É sobre Álvaro o texto que segue:
Em 4 de abril de 1868 nasceu em Trairi o poeta Álvaro Martins. Ainda adolescente foi morar no Rio de Janeiro, onde exerceu a atividade jornalística, colaborando com o jornal abolicionista Cidade do Rio, de José do Patrocínio, e no republicano Gazeta Nacional. Por problemas de saúde, regressou ao Ceará em 1888, residindo em Fortaleza, onde ajudou a fundar o Clube Republicano. Exerceu, a partir de 1901, o magistério no Liceu do Ceará. Foi sócio-fundador da Padaria Espiritual e do Centro Literário, as duas principais agremiações literárias do final do século XIX. Seus poemas foram publicados em diversas revistas no Brasil e no exterior, tornando-o bem conhecido. Entre os que elogiaram o seu trabalho, estão o romancista Eça de Queirós e os críticos literários Valentim Magalhães e José Veríssimo. Suas obras mais famosas foram 'Os Pescadores da Taíba' (1895) e 'Capela Milagrosa' (1898). Álvaro Martins faleceu em Fortaleza, no dia 30 de junho de 1906.
Por sua importância histórica e cultural, trazemos aqui um pouco do que está ao nosso alcance para manter viva a sua memória enquanto poeta, homem de letras e ativo entusiasta das causas republicanas e abolicionistas.
Alvarins, como era conhecido entre os amigos, na Fortaleza do século XIX, é autor de vários livros de poemas e patrono da cadeira n°2 da Academia Cearense de Letras, ocupada atualmente pelo poeta Batista de Lima. Na padaria Espiritual, Alvarins adotava o pseudônimo (nome de guerra) de Polycarpo Estouro.
Álvaro Martins é apontado, mediante estudos de Sânzio de Azevedo, como o precursor do Parnasianismo no Ceará.
Para dar mostra de sua marca poética, trago aqui estes versos de 'A Morta', do poema Casa Mal-Assombrada, do poeta trairiense. São duas belas estrofes extraídas da pena de nosso ilustre poeta:
Ai, já vão amortalha-la
Na sua branca mortalha!
Ingrata mão, a que talha
O pano para seu veo:
Pentiam-lhe os seus cabelos,
Cinge-lhe a fronte a capela...
Pois jamais noiva tão bela,
Tão pura assim, foi ao ceo.
De larangeira se touca
A meiga fronte; e na boca
A morte sorpreendeu
Um riso. Morreu sorrindo...
E o seu rosto está tão lindo!...
Nem parece que morreu.
[Álvaro Martins, in 'A Morta', do poema Casa Mal-Assombrada]
Em 2016, por ocasião dos 110 anos da morte de Alvarins, tomei a incumbência de publicar o estudo monográfico que fiz sobre sua obra, fruto de minha pesquisa de pós-graduação em História. Na pesquisa, tentei condensar a vida e a obra deste que foi um dos principais poetas de sua geração. Intitulado 'Álvaro Martins - da Padaria Espiritual ao Centro Literário', o livro é fruto de um trabalho de pesquisa em torno da vida e da obra desse poeta trairiense, de espírito irrequieto e um dos grandes homens das letras cearenses.
Pelos motivos trazidos acima, consideramos o poeta Álvaro Martins o maior vulto trairiense; aquele que conseguiu levar o nome de Trairi a lugares nunca antes alcançados. É tamanha a qualidade de seus versos, que jornalistas de sua época o apontavam como o maior poeta de seu tempo.
Por sua importância histórica e cultural, trazemos aqui um pouco do que está ao nosso alcance para manter viva a sua memória enquanto poeta, homem de letras e ativo entusiasta das causas republicanas e abolicionistas.
Alvarins, como era conhecido entre os amigos, na Fortaleza do século XIX, é autor de vários livros de poemas e patrono da cadeira n°2 da Academia Cearense de Letras, ocupada atualmente pelo poeta Batista de Lima. Na padaria Espiritual, Alvarins adotava o pseudônimo (nome de guerra) de Polycarpo Estouro.
Álvaro Martins é apontado, mediante estudos de Sânzio de Azevedo, como o precursor do Parnasianismo no Ceará.
Para dar mostra de sua marca poética, trago aqui estes versos de 'A Morta', do poema Casa Mal-Assombrada, do poeta trairiense. São duas belas estrofes extraídas da pena de nosso ilustre poeta:
Ai, já vão amortalha-la
Na sua branca mortalha!
Ingrata mão, a que talha
O pano para seu veo:
Pentiam-lhe os seus cabelos,
Cinge-lhe a fronte a capela...
Pois jamais noiva tão bela,
Tão pura assim, foi ao ceo.
De larangeira se touca
A meiga fronte; e na boca
A morte sorpreendeu
Um riso. Morreu sorrindo...
E o seu rosto está tão lindo!...
Nem parece que morreu.
[Álvaro Martins, in 'A Morta', do poema Casa Mal-Assombrada]
Em 2016, por ocasião dos 110 anos da morte de Alvarins, tomei a incumbência de publicar o estudo monográfico que fiz sobre sua obra, fruto de minha pesquisa de pós-graduação em História. Na pesquisa, tentei condensar a vida e a obra deste que foi um dos principais poetas de sua geração. Intitulado 'Álvaro Martins - da Padaria Espiritual ao Centro Literário', o livro é fruto de um trabalho de pesquisa em torno da vida e da obra desse poeta trairiense, de espírito irrequieto e um dos grandes homens das letras cearenses.
Pelos motivos trazidos acima, consideramos o poeta Álvaro Martins o maior vulto trairiense; aquele que conseguiu levar o nome de Trairi a lugares nunca antes alcançados. É tamanha a qualidade de seus versos, que jornalistas de sua época o apontavam como o maior poeta de seu tempo.
Wender Montenegro
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| Álvaro Martins (Poeta trairiense) |
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| Álvaro Martins (Do acervo de Cléa Campelo, neta do poeta) |


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